Porto Velho, RO - Com ênfase para a valorização da vida, a campanha “Setembro Amarelo”, promovida pelo Governo de Rondônia, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), tem levado palestras presenciais e on-line para todos os municípios do Estado. Na próxima quinta-feira (30), a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em Porto Velho, será contemplada com a ação.
Em dez anos, dados da própria PRF evidenciam um aumento de 10% em suicídios de policiais rodoviários. Razão pela qual, o superintendente da corporação em Rondônia, Rommel Dantas, formalizou parceria com a Sesau. O serviço já foi realizado nos municípios de Ariquemes, Ji-Paraná e Vilhena.
Em uma década, conforme relatório da Federação Nacional dos Policiais Rodoviários Federais, o aumento exponencial de suicídios “assusta e alerta” para a necessidade de mais investimentos na saúde mental dos PRFs, os quais estão expostos a diversos fatores que facilitam e agravam a condição.
A conclusão do estudo indica que casos de suicídio ocupavam até 2016 o quarto lugar no total de mortes, porém, chegou à segunda posição em 2020, considerando o espaço amostral 2007 a 2020. O documento da Federação destaca que “o dado é ainda mais preocupante se levarmos em consideração o período compreendido entre os anos de 2017 e janeiro de 2020, tendo em vista que esse índice corresponde a 50% de todas as vitimizações fatais ocorridas com os PRFs”.
Conforme estatística apresentada, de 2017 a 2020, das 92 mortes de PRFs no país, 21,74% foram atribuídas a suicídio, situação que só esteve abaixo dos acidentes de trânsito em serviço (26,09%) e fora de serviço (20,65%).
TRABALHAR SUPERAÇÃO
Segundo a coordenadora da Rede Estadual de Doenças Crônicas Não Transmissíveis, Francisca Odalice da Silva, em Ariquemes, Ji-Paraná e Vilhena ocorreram programações especiais.
Odalice destacou “o discernimento e a tranquilidade para descer e subir degraus com a consciência de que na vida se apresentam situações inesperadas e transtornos causadores de dores passageiras no dia dia”.
Ela ainda acrescentou que “causas ruins não curam para sempre, é possível buscar a sustentação na família, na religião e nos propósitos de modo geral”.
Segundo explicou ela, a superação precisa ser trabalhada pelo ser humano no sentido de enxergar melhor o que dizem os sinais emitidos pelas pessoas com dificuldades em compartilhar situações.
“Pessoas quando agem assim, já ultrapassaram os próprios limites”, assinalou a coordenadora.
O psicólogo Luiz Carlos Henrique de Souza, do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest), alertou para a insuficiência do tratamento medicamentoso no modo clássico para pacientes depressivos. “Isso não alcança a maneira adequada de viver”, disse ele.
Nas palestras, ele costuma lembrar que as pessoas “vivem estimuladas ao consumo inútil [fora do essencial], buscando prazer em situações que lhes causam transtornos mentais”.
Aos 65 anos e 40 de profissão, Luiz Henrique, como é conhecido, lamentou: “Cresce no mundo o marketing perigoso à vida e, dificilmente, a sangria é diminuída”.
Ele explicou que se trata de uma escolha cultural que até mesmo na pandemia “enriqueceu empresas”.
DEBATE E AUTOCUIDADOS
No dia 22, em Vilhena, o evento começou com o acolhimento das pessoas, seguido de debate com autocuidados em saúde pelas médicas psiquiatra Patrícia Sabino e a psicóloga Camila Garcia, ambas da Sesau. Cerca de 30 policiais rodoviários participaram.
Na programação do mês, dois eventos on-line facilitaram a participação da Ccapital e do interior do Estado, lembrou a coordenadora de saúde mental, psicóloga Dioneia Martins.
No dia 10, em Ariquemes, a palestra dos psicólogos Luiz Henrique e Renan Enes: Valorização da vida: como lidar consigo mesmo e evitar o autoabandono, cujo foco foi “olhar para si e refletir como encarar as demandas da vida e vulnerabilidades”.
No dia 24, em Ji-Paraná, a mesma programação foi acrescida do momento cultural. Ali a palestra foi ministrada pelo médico psiquiatra Humberto Muller, que também é membro titular.
Na próxima quinta-feira (30), a Sesau fará um evento na sede da PRF, em Porto Velho, para debater a depressão. No âmbito da saúde mental, no próximo dia 1º de outubro, em Ariquemes, a especialista em terapia analítica comportamental Letícia Ribeiro falará às pessoas em evento já programado.
Segunda ela, a pandemia do coronavírus interrompeu o trabalho da Policlínica Oswaldo Cruz (POC), na Capital, entretanto, em maio, um serviço especial foi prestado ao servidor público estadual nesse período. Essa Coordenadoria Estadual de Saúde Mental iniciou em maio com três atendimentos psicológicos, aumentando para 64 em junho, 110 em julho e 112 em agosto de 2021. Já os atendimentos em psiquiatria totalizaram 36 em maio, 31 em junho, 30 em julho e 25 em agosto.