Missão à central nuclear de Zaporizhia pode ocorrer nos próximos dias

Missão à central nuclear de Zaporizhia pode ocorrer nos próximos dias

Afirmação é do diretor da Agência Internacional de Energia Atômica

Porto Velho, RO
- O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi, disse hoje que a inspeção à central nuclear de Zaporizhia, na Ucrânia, poderá ocorrer "nos próximos dias". A Rússia prometeu colaborar.

Em entrevista ao canal France 24, depois de um encontro em Paris com o presidente francês, Emmanuel Macron, Grossi afirmou que "há um acordo de princípio" com a Ucrânia e a Rússia sobre a visita à central nuclear de Zaporizhia, no Sul da Ucrânia, sob controle russo. Os detalhes da inspeção técnica estão sendo discutidos.

"A hipótese de uma fiscalização é iminente", disse o diretor, acrescentando que a inspeção poderá ser feita dentro de poucos dias. Segundo ele, houve "dúvidas e objeções políticas" de ambos os lados, mas não há bloqueio.

"Acho que estamos muito próximos de os dois lados aceitarem a visita. Não podemos arriscar, além do drama da guerra, um acidente nuclear", afirmou o representante da agência.

Nessa quarta-feira (24), Rafael Grossi reuniu-se em Istambul com uma delegação russa, liderada pelo chefe da empresa estatal russa de energia nuclear Rosatom, Alexei Likhachov, para discutir a possível inspeção da central.

Também hoje, o ministro da Defesa russo, Serguei Shoigu, garantiu ao seu homólogo francês, Sébastien Lecornu, que a Rússia prestará a assistência necessária à AIEA para a visita à central nuclear de Zaporijia.

Em conversa telefônica promovida por Paris, Shoigu destacou à França a "importância da visita do pessoal da AIEA à central nuclear de Zaporizhia e a disponibilidade para prestar a assistência necessária aos inspetores da organização".

Em breve declaração publicada na rede social Telegram, o ministro russo também comentou com o homólogo francês sua avaliação sobre as "ações das Forças Armadas ucranianas, que podem perturbar o funcionamento seguro da central".

Na terça-feira passada, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, discutiu também com a ministra francesa Catherine Colonna as condições da missão da AIEA na central nuclear.

Segundo o presidente francês, Emmanuel Macron, a inspeção já tem também a luz verde do presidente russo, Vladimir Putin.

A situação nas proximidades da central foi motivo de preocupação internacional nas últimas semanas, depois dos recentes bombardeios nas imediações, pelos quais Moscou e Kiev se acusam, e dos alarmes sobre possível acidente nuclear.

Ontem, quando se completaram seis meses da invasão, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) de "deixar o mundo à beira de uma catástrofe radioativa", transformando a fábrica de Zaporizhia, que está sob controle das forças russas desde 4 de março, "numa zona de combate".

Segundo Zelensky, a Rússia usa a fábrica como "provocação", com os bombardeios e o envio de "terroristas" para a área, ameaçando toda a Europa e regiões vizinhas.

O líder ucraniano apoiou o envio de uma missão da AIEA a Zaporizhia e solicitou que a agência assuma o controle permanente das instalações.

A ofensiva militar, lançada em 24 de fevereiro pela Rússia na Ucrânia, já causou a fuga de quase 13 milhões de pessoas - mais de 6 milhões de deslocados internos e quase 7 milhões para os países vizinhos -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica a crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A invasão russa - justificada por Putin com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia -, foi condenada pela comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamentos à Ucrânia e a imposição de sanções à Rússia em todos os setores.

Na guerra, que hoje entrou em seu 183.º dia, a ONU confirma 5.587 civis mortos e 7.890 feridos, destacando que os números reais são muito superiores e só serão conhecidos no fim do conflito.


Fonte: Agência Brasil
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