
Robótica de baixo custo desenvolvida em Porto Velho demonstra potencial para transformar o ensino de Física na Amazônia
Porto Velho, RO – A produção científica rondoniense ganhou destaque no VIII Congresso Amazônico EAD (AMAZÔNICO EAD), realizado na última quinta-feira, 27 de novembro de 2025. O evento reuniu pesquisadores de toda a região Norte e contou com a apresentação de um trabalho inovador sobre educação tecnológica desenvolvido por acadêmicos e docentes da Faculdade Metropolitana e da FIMCA.
O estudo apresentado, intitulado “A Robótica de Baixo Custo na Amazônia: Promovendo o Desenvolvimento Cognitivo e a Sustentabilidade no Ensino de Eletromagnetismo”, é assinado por Michel Albuquerque da Cunha, acadêmico do 8º período de Engenharia Elétrica da Faculdade Metropolitana; Maicon Maciel Ferreira de Araújo, docente do Núcleo de Engenharias da Faculdade Metropolitana e do Centro Universitário Aparício Carvalho – FIMCA, doutorando em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (UNIR) e ministrante da Mediação Tecnológica de Rondônia (SEDUC/RO); e Dr. Fabrício Moraes de Almeida, docente da UNIR.
Educação, tecnologia e sustentabilidade unidas
O objetivo do trabalho foi desenvolver e aplicar um modelo acessível de robótica educacional inspirado no experimento clássico de Heinrich Hertz, responsável por comprovar a existência das ondas eletromagnéticas previstas pelas equações de James Clerk Maxwell. A proposta buscou enfrentar um problema persistente no ensino de Física na educação básica: a combinação de déficit de professores, ambientes pouco adequados e métodos ultrapassados que privilegiam a memorização em detrimento da aprendizagem prática.
Para isso, os autores integraram Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDICs) e Robótica Educacional como ferramentas para tornar o ensino mais dinâmico e significativo. O diferencial da iniciativa está no caráter sustentável e de baixo custo do protótipo, construído com materiais reutilizados e lixo eletrônico — estratégia que promove a reciclagem, reduz custos e contribui para o desenvolvimento local e a sustentabilidade social.
Protótipo reproduz experimento histórico
Montado como uma pesquisa aplicada, o protótipo foi desenvolvido para gerar e detectar pulsos eletromagnéticos de maneira semelhante ao experimento original de Hertz, demonstrando a propagação das ondas eletromagnéticas.
Durante os testes, fatores ambientais e capacitâncias parasitas provocaram variações nos resultados, mas os dados permaneceram coerentes com a teoria eletromagnética. Para minimizar interferências e facilitar a análise, os pesquisadores utilizaram Sequência de Fourier na modelagem matemática da relação entre a tensão média e a distância.
O resultado foi um sistema funcional, capaz de cumprir seu papel didático e demonstrar, de forma prática, conceitos fundamentais do eletromagnetismo — tudo isso com custo reduzido e acessível a escolas de diferentes realidades.
Impacto educacional e próximos passos
Além de comprovar a viabilidade técnica do modelo, os autores destacam seu potencial pedagógico. O protótipo favorece a participação ativa dos estudantes, estimula o trabalho em equipe e promove habilidades como criatividade, pensamento crítico e raciocínio lógico, contribuindo para superar métodos tradicionais que pouco dialogam com a realidade contemporânea.
Os pesquisadores pretendem agora aperfeiçoar o protótipo, reduzindo interferências eletromagnéticas e ampliando sua precisão. Também sugerem a aplicação prática do modelo em unidades escolares para avaliar seu impacto pedagógico. A proposta abre caminho para o desenvolvimento de novos dispositivos educacionais de baixo custo voltados ao ensino de temas complexos da Física Moderna.
O trabalho apresentado reforça o protagonismo das instituições de ensino superior de Rondônia na produção científica amazônica e destaca o papel da inovação tecnológica na construção de uma educação mais inclusiva, sustentável e alinhada às demandas do século XXI.
%2011.20.48_6da77da9.jpg)