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Hekurari também denunciou o sequestro de uma mulher indígena e seu filho de três anos – o bebê foi atirado a um rio e segue desaparecido.
“No sobrevoo, vimos que a comunidade estava queimada. Segundo relatos, viviam lá, cerca de 24 yanomamis, mas não havia ninguém. Em todos meus 35 anos, nunca vi isso. Um Yanomami não abandona sua casa, a menos que seja uma situação muito grave”, afirmou Hekurari à Mídia Ninja.
O líder indígena ainda afirma que alguns yanomamis teriam sido cooptados com ouro pelos garimpeiros para atrapalhar as investigações e ficar em silêncio.
A Polícia Federal, a Funai e a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) divulgaram nesta quinta-feira (28) uma nota conjunta em que dizem que “não foi encontrado indício de óbito por afogamento” e nem pistas sobre o estupro da jovem de 12 anos. As investigações continuam.
Garimpo ilegal de ouro e malária
A Associação Hutukara Yanomami divulgou dados que mostram o expressivo aumento de garimpo ilegal de ouro no Território Indígena Yanomami. Comparado a 2020, o ano de 2021 teve avanço de 46% sobre as terras, a maior taxa desde 2018. Entre 2016 e 2021, a mineração ilegal aumentou 3.350%.
Outro relatório da Associação Yanomami relata a explosão de casos de malária, aumento da desnutrição e exploração sexual em troca de alimentos. Entre 2014 e 2020, o número de atingidos pela malária aumentou 716 vezes. Em 2021, 95% dos 790 moradores da aldeia apresentavam a doença.
“A malária compromete não apenas a saúde individual do doente, mas também a economia das comunidades que dependem da força de trabalho familiar para produzir sua subsistência”, destaca o documento Yanomami sob ataque.
O desmatamento e o garimpo alteram o ecossistema da região e favorecem o aumento do número de mosquitos. Ainda há denúncias de poluição da água por mercúrio, utilizado para separar o ouro garimpado ilegalmente.
Fonte: Isto É Dinheiro